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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Quem me dera

Quem me dera Quem me dera ver meu tataravô Dizer-lhe que hoje sou livre Que vou pra onde quero Trabalho onde eu quiser Visto a roupa mais bonita Vou ao baile, ao botequim Amo a mulher que escolho E sou feliz assim. Quem me dera ver meu tataravô Dizer-lhe que hoje, sou quase livre Trabalho onde me aceitam por causa da minha cor Visto a roupa que posso comprar Com um dinheiro suado... Que ganho quando trabalho no bar ou no botequim. Quem me dera ver meu tataravô Dizer-lhe que hoje os grilhões são invisíveis; O tronco é a minha origem E o chicote é silencioso... Mas tão eficiente ou mais quanto no passado. Não vô, não dói nem fere a pele Porém, a alma purga O coração sangra E a lágrima desce. Lena Galvão

Despeço-me

Despeço-me De mim, de você, e de tantas coisas que mais parecem sombras aterradoras. Deixo: a cama arrumada, a mesa posta , bem elegante ,  a geladeira organizada e a casa impecável. Também deixo: aquele vestido florido que você sempre me  pedia para usar - fique com ele. Os brincos de ametista e o colar grená, ficaram. Joguei fora o J'adore - deu-me ânsia. Levo o suficiente dessa trajetória Carinho, respeito, e responsabilidade. Não, não tenho rancor, nem ódio. Estou com a alma leve e semblante sereno. Meu coração é a minha bagagem. Quero caminhar, doravante, sozinha. Quero ver novas paisagens Quero construir novas imagens,  Novo repertório. Quero escrever outras histórias No meu livro da vida. Lena Galvão

Lena Galvão