Lena Galvão

Procuro-me, Mas não me acho Metade de mim partiu  Metade é labirinto. Detenho-me no passado Porém, o tempo é cruel  Impulsion a-me ao presente. Enrrosco-me. Sinto-me um minotauro  Querendo devorar a mim mesma Teseu crava sua espada em mim Atravessa meu peito, Mas não me mata. Revolto-me, Grito, choro! Lamentos ecoam no vazio. E ressoam aos meus ouvidos... Em dor pulsante,, tenebrosa, perene.. Quero ir para o inferno! Mas já estou no inferno. Vejo um emaranhado de caminhos... Se eu pudesse seguir andando... Não, não posso. Estou fincada n'alguma parte deste Labirinto...  Que se chama "Eu. Lena Galvão                                               1999

Café com palavras Quatro horas da tarde. No sofá, eu aguardava... Levantei fui à cozinha. Arrumei a mesa; Coloquei sobre ela duas xícaras e pratinhos. Fiz o café, esquentei o leite  Ela chegou. -- Sentamos. Encantadora e cativante  Desabrochou a falar, gargalhar,  A contar suas  proezas... Sempre pitorescas e engraçadas! ....................................................... Não. Ela não chegou. Ela, não  sentou, não falou, Nem gargalhou! Nem ao menos, contou seus feitos engraçados ... Apenas eu sentei. Senti um vazio visceral Duas lágrimas quentes rolaram pelo  meu rosto... Tão quentes quanto a minha dor; E vieram outras e outras e outras... Ainda assim, enchi as nossas xícaras de palavras; A dela, com palavras doces, alegres, carinhosas e mágicas. A minha?  Não. Não sobrou nenhuma daquelas. E ...enfim, a enchi com Palavras sofridas, tristes, frias e amargas. De uma vez virei a  xícara - tomei como se fosse fel. Olhei no fundo da xícara Havia um...